sábado, 16 de novembro de 2024

A crise geral do Capitalismo com foco na América Latina * Rosa Sarkis/Painel TV

A crise geral do Capitalismo com foco na América Latina
ROBERTO BERGOCI

DADOS

Estudei Ciências do Trabalho ( sociologia do trabalho) no DIEESE; Escrevi para o jornal maoísta carioca, "A Nova Democracia"; também escrevi com regularidade para os jornais impressos e blogs da Liga Bolchevique Internacionalista, Liga Comunista e Gazeta Revolucionária. Comecei minha militância política no maoísmo na metade dos anos 2000, numa organização chamada Liga Operária. Posteriormente me afastei do maoísmo e me aproximei do trotskysmo, quando me juntei por volta de 2011 à Liga Comunista. Depois passei pela Liga Bolchevique Internacionalista ( LBI), esta, uma corrente trotskysta que surgiu de um racha do Partido da Causa Operaria ( PCO); e militei ainda na Gazeta Revolucionaria, um agrupamento revolucionário trotskysta. Tenho escrito sobre questões de geopolítica e economia, envolvendo a América Latina e Eurásia. Neste campo, tenho como referencia, além dos clássicos do marxismo, autores como Moniz Bandeira, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, Istvan Mészáros, Ernest Mandel, etc. Atualmente, participo de um Comitê pela Frente Nacional de Mobilização dos Trabalhadores*, onde mantemos três blogs de análises de geopolítica e conjuntura." Roberto Bergoci - * Posteriormente, denominada FRENTE REVOLUCIONÁRIA DOS TRABALHADORES - FRT .
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ROSA SARKIS/Painel TV

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

A América Latina no olho do furacão * Roberto Bergoci/PCTB-SP

A América Latina no olho do furacão
O agravamento da crise orgânica do capital na raiz da nova onda golpista em nosso continente.

Toda análise mais profunda, que envolva a totalidade do modo de produção capitalista, tem chegado a conclusões de que, tal regime entrou num longo período de declínio, crises constantes e regresso civilizacional. A crise profunda que hora vivenciamos na América Latina é um momento dessa totalidade, manifesta em uma de suas cadeias mais débeis, que é justamente o capitalismo dependente. Sem uma compreensão desse fenômeno em seu conjunto, fica impossível entendermos o que de fato nos atinge em Nossa América.

A crise contemporânea que abala a sociedade burguesa em seu conjunto, possuí um caráter dialético, pluri causal, como nos ensina Marx em seus três livros que compõem O Capital: neste processo, vemos a combinação e ação recíproca influir uns sobre os outros, os problemas estruturais que envolvem o modo de produção capitalista, como superprodução, queda das taxas de lucro, sobreacumulação, financeirização, etc; em suma, a manifestação da crise de valorização do capital em sua organicidade. Este processo se torna ainda mais dramático, sobretudo pelo fato de que, uma das características do capitalismo atual é ter entrado numa fase de completo amadurecimento e mundialização, onde deslocou já para quase toda parte do globo terrestre suas contradições, como já teorizado por Rosa Luxemburgo em seu importante livro “Acumulação de Capital”.

Na verdade, como disse o economista marxista Robert Kurz em um de seus escritos: “Desde meados dos anos 1970 se multiplicam os sinais de uma séria crise da reprodução do sistema mundial produtor de mercadorias. Taxas declinantes ou estagnadas; desemprego em massa e ‘estrutural’ crescentemente desacoplado dos ciclos conjunturais tanto nos países desenvolvidos da OCDE quanto na periferia do mercado mundial [...] Tudo isso, por sua vez, é superposto pela cada vez mais ameaçadora crise do ecossistema em escala planetária: do “buraco na camada de ozônio” à destruição das florestas tropicais da África e da Amazônia, da propagação das zonas desérticas à contaminação das cadeias alimentares, da destruição dos sistemas ecológicos internos como os do Mar do Norte, dos Alpes e do Mar Mediterrâneo até a irreversível contaminação dos solos e da água potável etc.” (Robert Kurz, “A Crise do Valor de Troca”). Dessa forma, em concordância com outros importantes autores marxistas da contemporaneidade, podemos perceber que a atual crise, ao contrário das anteriores correspondentes ao capitalismo em sua fase de ascenso, atinge a totalidade do regime burguês.

O pensador revolucionário István Mészáros ensina que: “[...] a crise do capital que experimentamos hoje é fundamentalmente uma crise estrutural. Assim, não há nada especial em associar-se capital a crise. Pelo contrário, crises de intensidade e duração variadas são o modo natural de existência do capital: são maneiras de progredir para além de suas barreiras imediatas e, desse modo, estender com dinamismo cruel sua esfera de operação e dominação.”(István Mészáros, “Para além do Capital”). E um pouco mais à frente Mészáros explicita a singularidade da atual crise que, segundo ele, possui um caráter universalizante, atingindo todas as esferas da reprodução social.

Pedindo já perdão ao leitor pelas longas citações-- que ao nosso juízo são essenciais para uma melhor compreensão do que ocorre na América Latina, tema de nosso texto-- segue Mészáros: “A novidade histórica da crise de hoje torna-se manifesta em quatro aspectos principais:
(1) Seu caráter é universal, em lugar de restrito a uma esfera particular (por exemplo, financeira ou comercial, ou afetando este ou aquele ramo particular de produção[...];
(2) Seu alcance é verdadeiramente global (no sentido mais literal e ameaçador do termo), em lugar de limitado a um conjunto particular de países (como foram todas as principais crises do passado);
(3) Sua escala de tempo é extensa, continua, se preferir, permanente, em lugar de limitada e cíclica, como foram todas as crises anteriores do capital;
(4) Em contraste com as erupções e os colapsos mais espetaculares e dramáticos do passado, seu modo de se desdobrar poderia ser chamado de rastejante, desde que acrescentemos a ressalva de que nem sequer as convulsões mais veementes ou violentas poderiam ser excluídas no que se refere ao futuro: a saber, quando a complexa maquinaria agora ativamente empenhada na ‘administração da crise’ e no ‘deslocamento’ mais ou menos temporário das crescentes contradições perder sua energia.”(Idem).

Pensamos que no geral, este seja o caldo de cultura do atual período de instabilidade e golpes de Estado envolvendo praticamente todos os países latinoamericanos. Isso não exclui, pelo contrário, se combina dialeticamente com as características próprias dos países em nosso continente, marcados pela dependência e subdesenvolvimento, tornando dessa forma os efeitos da crise orgânica do capitalismo mundial muito mais perversos em nossa Grande pátria.

Instabilidade, golpes e geopolítica do caos: a América Latina e o imperialismo diante da crise estrutural.

Nesta nova etapa do capitalismo mundial, marcado pela hegemonia do capital financeiro fictício, o padrão de acumulação que caracteriza os países latinoamericanos é justamente o neoliberalismo. O padrão de acumulação neoliberal é em si, a expressão da crise da produção de mais-valia, como consequência dos processos de intensificação da automação industrial poupadora de trabalho vivo, humano, o que Marx conceitualizou como o aumento da composição orgânica do capital.

O regime neoliberal de acumulação trás em seu bojo, o incrível incremento da superexploração dos trabalhadores, desemprego crônico, recrudescimento da transferência de valor e de riquezas dos países dependentes para as metrópoles imperialistas, pauperismo absoluto das massas trabalhadoras e das classes médias, intensificação da marginalização e “lupenização” de vasta parcela das massas populares e etc.

A América Latina vive entre os fins dos anos 1980 e inicio dos anos 1990, sua primeira onda neoliberal. Na época, o continente estava marcado pela crise da divida, fuga de capitais, desinvestimentos, grande estagnação econômica e etc. O imperialismo estadunidense e toda gangue representante do grande capital financeiro internacional e sua imprensa, aliados das oligarquias latinoamericas, viam sérios riscos quanto às suas condições de lucros e espólio. Nascia assim o famigerado Consenso de Washington, pilar da generalização neoliberal-neocolonial em nossa região.

Este período se caracteriza entre outras coisas pelo assalto descarado aos ativos estatais por parte das multinacionais, através das privatizações. Boa parte das conquistas sócias foram destruídas pela via das “reformas estruturais”: trabalhistas, previdenciárias, etc. Saindo dos sanguinários regimes militares, o continente foi dominado pela ditadura do “deus” mercado, onde nossos povos eram literalmente imolados nesse altar da barbárie.

Não tardou para que as revoltas operárias e populares colocassem um duro freio a esse genocídio social. Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador entre outros países, foram sacudidos por verdadeiros processos de insurreições e\ou explosões sociais, derrotando duramente os governos títeres da Casa Branca. Na sequencia, o continente hegemonizado politicamente pelos governos nacionalistas burgueses, colocaram certo freio nas políticas neoliberais. O crescimento da economia mundial no período, sobretudo a ascensão da China como importante ator e importador de matérias primas, estimulou a valorização dos produtos agrominerais, importante base de exportação de nossas economias dependentes.

Tal conjuntura “favorável”, permitiu relativa melhora nas contas externas de nossos países, transformados em importantes concessões aos povos trabalhadores e a pequena burguesia. No entanto, os pilares da dependência e do subdesenvolvimento jamais foram tocados pelos chamados governos “progressistas”. A submissão aos imperativos da divisão mundial do trabalho, a superexploração da força de trabalho, a crônica transferência de valor e riqueza para os países imperialistas não foram revertidos, apenas “aliviados”. Em suma, as relações de exploração e opressão se mantiveram com algum freio, mas em essência continuamos sendo países dependentes.

A América do Sul em particular, se distanciou relativamente do Consenso de Washington, criando a ALBA, ou fortalecendo outros fóruns de integração regional como o Mercosul. Além disso, houve no período uma importante aproximação de países adversários dos EUA no âmbito geopolítico como Rússia e China, além da constituição dos BRICS e sua relação com a América Latina, que na prática, embora sua moderação, afrontava na região a odiosa hegemonia da Casa Branca.

De forma muito sumária, podemos afirmar que tais fatores, conjugados com a explosão em 2007-2008 de mais um momento da crise estrutural do capitalismo mundial, foram determinantes para por fim ao período que se inicia no começo dos anos 2000 em nosso continente, abrindo assim as condições objetivas para a atual quadra de barbárie em nossos países.

O neocolonialismo imperialista e o Ascenso do fascismo
A América Latina vive atualmente um período de grande turbulência e caos econômico, político e social. A intensificação da crise mundial capitalista é a base do recrudescimento de todas as contradições que envolvem o capitalismo dependente.

A burguesia imperialista e seus sócios menores na America latina tem levado adiante, como resposta à crise, uma verdadeira reestruturação do capitalismo em nosso continente: as formas políticas e jurídicas sustentáculos dos regimes políticos, estão sendo transformadas, “adaptadas” dialeticamente às novas necessidades de acumulação. Podemos dizer que um “novo” patamar de acumulação, baseado num grau muito mais intenso de superexploração e dominação neocolonial, esta sendo gestado em toda a América Latina.

Fatores geopolíticos de primeira ordem também influem neste processo. A esse respeito, o imperialismo leva adiante uma verdadeira batalha de vida ou morte para minar a influencia de Rússia e China na região e estabelecer sua “nova” doutrina Monroe, através da dominação do Spectro Total, como dizia Moniz Bandeira . A luta pela sua hegemonia incontestável, pelo controle ferrenho de fontes de matéria prima e energéticos no continente, além da dominação de importantes reservatórios de água potável, são a base da atual ofensiva imperialista contra a América latina.

Semelhanças com o que fizeram no Oriente Médio não é mera coincidência: Washington tenciona trazer o caos planejado para a nossa região, através das chamadas “guerras hibridas”, ou seja, a intensificação de conflitos irregulares e indiretos, como tem demonstrado o importante estrategista Andrew Korybko. O papel desempenhado por exemplo, das igrejas neopentecostais nos atuais golpes de Estado no continente, em muito se assemelham as atuações fundamentalistas dos wahabitas sunitas islâmicos no Oriente Médio.

A militarização da região e o ascenso de agrupamentos fascistas tem sido outro instrumento mobilizado pela Cia e Mossad atualmente. Para levar adiante a espoliação radical de nossos povos, o grande capital imperialista tem de lançar mão de seu reservatório fascista contra as organizações de luta da classe trabalhadora e quebrar a resistência das massas.

A política de roubo e pilhagens do capital financeiro atualmente na America latina, somente pode ser conseguido até suas últimas consequências, através do terrorismo de Estado. O narco Estado colombiano é um modelo que os imperialistas planejam generalizar. O crescimento das milícias bolsonaristas no Brasil, suas relações com o narcotráfico, com as Policias Militares e com o alto Comando das Forças Armadas é sintomático disso. As repressões selvagens contra as massas no Chile e na Bolívia pelos golpistas fascistas, também são exemplos do que pode se generalizar no continente, tendo como caldo de cultura a intensificação da crise de dominação burguesa.

A América Latina Resiste!

Os povos latinoamericanos resistem bravamente aos bárbaros ataques das burguesias nativas e do imperialismo. Os trabalhadores chilenos são um exemplo a ser seguido por nossos povos. O recrudescimento das mobilizações contra o carniceiro Sebastian Piñera tem colocado a burguesia pinochetista chilena contra a parede e promovido uma verdadeira crise de dominação no país.

O povo boliviano, como em outros momentos históricos se levanta contra o golpismo em seu país. Os golpistas lupens, verdadeiros peões da Casa Branca, Jenine Áñez, “Macho” Camacho e toda a quadrilha que usurparam o governo boliviano tem de promover um genocídio de fato contra as massas, para garantir o roubo mais vil à nação em favor do capital estrangeiro.
Equador, Haiti e Argentina, dão mostras das tendências revolucionárias do povo latinoamericano no próximo período.
No Brasil, a classe trabalhadora deste país precisa entrar em cena e por abaixo a gerencia entreguista do bandido miliciano Jair Bolsonaro. Os trabalhadores brasileiros podem desestabilizar o jogo de forças na região e arrastar a America latina para um grande ascenso antiimperialista revolucionário; para isso precisam romper a camisa de força de suas direções hegemônicas, comprometidas com a estabilidade do regime burguês decadente.

De qualquer forma, não há no próximo período, qualquer sinal de recuperação consistente da economia capitalista. Pelo contrário, o que se vê no horizonte é o aprofundamento da crise estrutural e das consequentes turbulências políticas, que podem de fato generalizar na America Latina, a crise de dominação das burguesias nativas, fator que põe na ordem do dia a luta anti imperialista e a revolução socialista continental, em direção a Grande Pátria Latinoamérica Socialista!

OBS
Texto re-publicado apenas como alerta para a intervenção imperialista no continente, com maior incidência agora devido a força do BRICS.
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sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Declaração política do PCTB sobre a Palestina * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

Declaração política do PCTB sobre a Palestina

No último sábado dia 7 de outubro o Hamas lançou a "Operação Tempestade Al aqsa", baseada em ataques simultâneos de guerrilha e sabotagem, no interior da pátria sionista de Israel. Tal iniciativa do grupo palestino é uma resposta corajosa, mesmo que limitada, às atrocidades históricas do Estado sionista contra seu povo.

No mesmo dia da operação de resistência ofensiva palestina, o carniceiro primeiro ministro de Israel Benjamin Netanyahu, confirmou o "Estado de Prontidão para a guerra", incrementando em seguida, uma verdadeira campanha visando destruir, aniquilar o povo palestino. Nessa toada, o ministro da Defesa de Tel Aviv, Yoav Gallant, expressou de forma literal a essência racista e supremacista imperante como ideologia de Estado e da própria sociedade civil israelense, quando declara: "A ordem foi para se estabelecer o bloqueio total para a Faixa de Gaza. Não haverá eletricidade, nem comida, nem água, nem combustível, tudo fechado..."; e justifica tal propósito de caráter abertamente genocida: "Nós estamos combatendo contra animais humanos e estamos agindo em conformidade com esse contexto". Seria difícil dessa forma, uma prova mais cabal do fato de estar em curso desde 1947/48 (Resolução da partilha da Palestina pela ONU e criação do Estado de Israel), dum processo franco de limpeza étnica da Palestina.

A ofensiva militar do exército sionista contra a Faixa de Gaza que se seguiu ao estado de guerra declarado pelo criminoso Netanyahu, pode ser facilmente caracterizado como crimes contra a humanidade e tentativa de genocídio. Os militares israelenses tem atacado deliberadamente regiões e habitações civis, hospitais; eliminado crianças, idosos, mulheres sem distinção alguma. Tal ação sistemática de limpeza etnica tem combinado bombardeios indiscriminados, inclusive com fósforo branco, proibido por leis internacionais, contra todas as regiões da Faixa de Gaza, com o bloqueio generalizado da entrada de itens humanitários básicos como alimentos, remédios, insumos hospitalares, etc; inclusive os hospitais tem sido atacados e destruídos de forma sistemática pelos criminosos de guerra sionistas. Há vídeos na internet mostrando soldados israelenses tapando poços de águas palestinos, com concreto, deixando patente para o mundo todo ver, o nível de desumanidade e destrutividade do Estado sionista e assassino de Israel, que planeja de forma deliberada esmagar e eliminar por completo o povo palestino.

O Estado israelense impõe desde seu surgimento pelas mãos da ONU, uma verdadeira política colonial de pilhagens contra toda a região da Palestina. Ainda no período do Mandato colonialista britânico, que já vinha criando as condições para a expulsão massiva de palestinos de suas terras, quando praticamente eliminaram as principais direções da resistência palestina, grupos paramilitares sionistas vinham se articulando, inspirados desde então e sobretudo, na chamada "Declaração Balfour", onde os bandidos imperialistas ingleses se comprometeram a "criar um lar" para os judeus, numa jogada geopolítica imperial. Tais grupos paramilitares sionistas fortalecidos indiretamente pelo Mandato britânico, calculavam já uma ofensiva militar contra os vilarejos palestinos visando expulsar sua gente e roubar suas terras, antes mesmo da criação do Estado de Israel. O conhecido chefe sionista histórico, David Ben-Gurion, um dos arquitetos do Estado de Israel, foi provavelmente o maior dos defensores de uma radical limpeza etnica na Palestina. Ben-Gurion desde 1946 traçava um conjunto de planos que posteriormente se tornaram políticas de Estado em Israel, do qual em essência visava o domínio total da Palestina e a completa expulsão ou eliminação de seu povo. Daí podemos ver o caráter irremediavelmente colonialista, racista, supremacista e expansionista de Israel.

No entanto, ao contrário do colonialismo clássico que incorporava de forma submetida o povo dominado, Israel, até mesmo pelo seu projeto econômico; por ser um pré -posto dos interesses da geopolítica dos Estados Unidos na região; e também devido a sua ideologia que dá sustentação e coesão a tal política colonial sui-generis, não pode incorporar de forma a explorar os palestinos, mas antes, elimina-los como etnia. Daí o caráter do projeto abertamente genocida do Estado sionista.

Se nos atentarmos para história das agressões de Israel contra a Palestina e do seu caráter e simbologia, facilmente nos certificaremos do que busca o Estado sionista e qual o seu fim.

A ação do Hamas contra Israel desde dentro de suas fortalezas, tem toda a legitimidade, pois a resistência e ofensiva militar de um povo que luta em armas contra um tipo de opressão extrema, não somente é válido, como obrigatório! A história já nos deu não poucos exemplos desse heroísmo dos povos oprimidos.

A grita "indignada" e farisaica de toda imprensa corrupta da burguesia e seus medíocres escribas de aluguel, que vendidos até a alma e coração ao deus Mamon e servil até a medula diante da máfia sionista internacional, escamoteiam desesperadamente através de um dos maiores processos de fraude jornalística da história, os crimes e barbaridades cometidas cotidianamente pelo criminoso e assassino Estado de Israel.

No entanto, as consequências geopolíticas internacionais para Israel, que vão além de seu isolamento, podem ser das mais perigosas. Uma nova reedição da "Guerra dos seis dias" de 1967, quando países árabes se levantaram contra Israel, ou mesmo um novo Yom Kippur não podem ser completamente descartados; também uma nova versão da "Intifada Palestina" pode entrar num horizonte político da região. E essa nova versão da "Intifada" não se resumiria somente ao levante palestino, mas poderia ter como consequência da maior importância, uma Frente militar de luta entre os sunitas do Hamas (e demais grupos da Frente de resistência palestina) e os xiitas do Hezbollah, numa unidade de ação que faria estremecer Israel e o próprio imperialismo ianque, além de convulsionar e arrastar para a luta anti-sionista e antiimperialista grandes parcelas das massas árabes, fator de importância incalculável e que poderia inclusive dar verdadeiro impulso e ânimo às lutas dos povos que enfrentam a besta imperialista em todo o mundo. Que nos atentemos para isso.

O Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros e a Frente Revolucionária dos Trabalhadores (FRT), defendemos incondicionalmente o direito sagrado do povo palestino viver, enfrentar e lutar por todos os meios possíveis, sobretudo o militar, pra derrotar o monstro sionista! Mais do que isso, nos somamos militantemente como revolucionários marxistas e internacionalistas à luta heróica do povo palestino.

Fazemos um chamado a todas as organizações democráticas, revolucionárias, sindicatos, movimentos populares e intelectuais honestos a fortalecermos um fórum e uma Frente de Lutas em solidariedade ao povo palestino e de combate ao Estado terrorista de Israel, bem como a hostilizar vivamente todo e qualquer tipo de símbolo e patrimônio sionista e/ou relacionado ao Estado de Israel.

A omissão nesta difícil hora equivale a ser conivente e tolerante para com o Apartheid que Israel impõe contra um povo e que se constitui como um dos maiores crimes já cometidos na história dos povos.

Morte ao Estado sionista de Israel!
Honra e glória ao heróico e valente povo palestino!
Por um movimento internacional em defesa da Palestina livre e soberana!
Boicote e sabotagem já, contra Israel e seu terrorismo de Estado!

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Por uma Frente de Mobilização dos povos latino-americanos contra o golpismo imperialista na Venezuela * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

Por uma Frente de Mobilização dos povos latino-americanos contra o golpismo imperialista na Venezuela

Após a confirmação por parte do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela acerca da reeleição do presidente Nicolás Maduro no último domingo, para um novo mandato à frente de seu país, temos visto recrudescer o movimento golpista da extrema direita contra seu governo, articulado desde os porões imundos da Casa Branca. Uma vasta campanha midiática sincronizada internacionalmente antes mesmo da eleição, já preparava o terreno para o vandalismo planejado de forma espetacularizada, tendo como objetivo criar um clima de aparente caos e suposta ingovernabilidade do país, para assim tornar a opinião pública internacional (moldada pela imprensa do imperialismo) favorável a uma intervenção militar golpista, ou mesmo um clima hostil ao governo Maduro em seu próprio país, para daí concretizar a derrubada de seu governo.

Os métodos empregados já são vastamente conhecidos e fazem parte do arsenal golpista surrado, que a CIA e seus fantoches têm lançado mão para derrubar governos nacionalistas e populares. Trata-se de uma clara "revolução colorida" posta em marcha contra o governo chavista. Os chamados "opositores", liderados por Maria Corina Machado (que faz propaganda por sanções e intervenção contra seu próprio país)e Edmundo González--estes, lacaios lastimáveis dos interesses do capital imperialista contra seu povo--são em essência instrumentos criminosos de Washington.

O imperialismo ianque e seus serviços de inteligência, junto das ONGs, que não são mais que fachada da CIA, articulados com toda a grande imprensa internacional, põe em funcionamento uma sistemática campanha de propaganda de guerra contra o povo venezuelano, para isolar por completo o país. Em nosso continente por exemplo, tem sido vergonhoso o servilismo dos governos da esquerda burguesa, como os de Lula no Brasil, Gustavo Petro na Colômbia e López Obrador no México. As diplomacias destes países, afrontando a soberania da nação bolivariana, até o momento não reconheceram a reeleição de Maduro, exigindo da Venezuela que conte todos os seus votos e divulgue os registros em cada seção eleitoral. Uma afronta a soberania do país e, que, na prática tem jogado água no moinho da extrema direita venezuelana e legitimado a conspiração imperialista e midiática.

O presidente brasileiro por sua vez, já há algum tempo tem dado declarações desrespeitosas e afrontosas contra o governo Maduro. Na última semana antes da eleição venezuelana, Lula se fez de inocente e maliciosamente descontextualizou uma fala do presidente Maduro, para regozijo da extrema direita golpista e os patrões em Washington.

Essa postura vacilante, acovardada destes governantes vassalos, contribui decisivamente para o completo isolamento da Venezuela na América Latina e acirra mais os ânimos da contra-revolução fascista.

Na verdade, a Venezuela vive uma situação de impasse gravíssimo. Apesar do grande avanço conquistado pelas forças populares venezuelanas desde a revolução bolivariana, não se tem caminhado no ritmo necessário para a direção de uma economia planificada e seu regime político correspondente, que é a ditadura do proletariado. O constante cerco e sabotagem pelo qual o país passa, é na prática séria barreira de contenção para o desabrochar do desenvolvimento das forças produtivas e da qualidade de vida dos trabalhadores, apesar de ter conseguido muito. Na luta de classes, quem não conquista posições ao adversário, consequentemente entra num período de estagnação e logo, retrocesso, que abre para o inimigo as possibilidades de se impor e ganhar terreno.

A Venezuela entrou sem sombra de dúvida, numa situação de ponto sem retorno. Revolução e contra-revolução se enfrentam de forma aberta e sem máscaras. Uma vitória da extrema direita fascista, financiada e organizada pelo imperialismo, significaria com certeza, um período de duríssima guerra civil fratricida que atingiria o país. As forças fascistas em tal situação, não vacilaria em passar adiante um acerto de contas com toda a direção chavista e o conjunto da militância de esquerda no país, suprimindo-os fisicamente. A história das vitórias da contra-revolução são bem conhecidas, eles precisariam limpar terreno para a completa pilhagem da nação e supressão de todas as conquistas sociais das massas trabalhadoras. O petróleo venezuelano seria entregue de graça para as grandes companhias imperialistas; a estatal petrolífera vendida a preço de fim de feira. O país viraria uma neocolonia do capital financeiro. Para isso, seria preciso quebrar a espinha dorsal das forças populares e do proletariado bolivariano.

De forma sumária, esse seria o papel histórico da contra-revolução extremista na Venezuela a serviço dos interesses imperialistas em primeiro plano.

Por outro lado, o povo trabalhador venezuelano se encontra bem organizado. Possui clara consciência de classe e dos interesses da nação. As milícias bolivarianas por sua vez cumprem um papel da maior importância na defesa dos trabalhadores e do país. As Forças Armadas bolivarianas foram em grande medida depuradas de elementos golpistas e, devido a sua doutrina militar nacionalista e antiimperialista, dificulta sua penetração e divisão por parte do inimigo.

O governo chavista precisa a todo custo, manter em estado de permanente mobilização e politização as massas trabalhadoras. Mas acima de tudo: a revolução bolivariana precisa, se não quiser retroceder e abrir caminho ao inimigo, avançar para a socialização completa dos meios de produção; para um tipo de economia planificada e sobretudo, para a ditadura do proletariado, como forma de impedir o recuo do processo revolucionário e neutralizar as investidas do imperialismo.
A queda do governo bolivariano seria algo trágico para toda a América Latina, pois possibilitaria ao imperialismo maior sobrevida diante do seu declínio, ao se apossar das fontes de riquezas poderosíssimas da Venezuela e teria maior poderio diante dos povos do continente. Por sua vez, as forças da extrema direita encontrariam condições absolutamente favoráveis para avançar sua agenda golpista em toda a nossa região.

Dessa forma, é preciso cobrir de solidariedade militante e revolucionária a Venezuela, seu governo e seu povo. Fortalecer uma Frente de ação anti-golpista e antiimperialista devem ser tarefas urgentes. É preciso impulsionar em cada país da região uma agenda de mobilização e atos de rua em defesa do governo Maduro. Denunciar em toda a parte a sórdida campanha golpista é tarefa urgente.

A Frente Revolucionária dos Trabalhadores faz um chamado a PCOA e às demais forças do campo popular e da esquerda, para fortalecermos um pólo de luta em defesa do povo venezuelano e contra o imperialismo em nossa América.

Imperialismo Genocida * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

Imperialismo Genocida
Ganhe quem ganhar, o imperialismo segue avançando seus interesses contra os povos.
O Republicano de extrema direita Donald Trump foi eleito pela segunda vez à frente da presidência da república da principal potência imperialista do mundo, contra a Democrata Kamala Harris.
LUIS NACIF
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(NOTA DO PCTB

 Isso que o cientista diz, não é novidade. O que ocorre é que ele e os petistas e todo o arco pequeno burguês estão chorosos pelos Democratas. Rejeitam a teoria chave marxista do imperialismo e então ficam perdidos e desorientados, sem uma bússola científica para compreender o solo imperialista ianque e sua relação com o mundo. Agora, eles não falam uma palavra sobre a economia política do financismo que Lula adota e que certamente vai abrir caminho para o Trump brasileiro nas próximas eleições. Mas para essa gente não, tudo é questão de manipulação das tais big techs...)

Segundo o jornal O Globo, "Até o momento, Trump vence em 27 estados. Há ainda cinco onde não foi declarado o vencedor" ("O Globo ", 06/11/2024).

O direitista Republicano retorna a gerência da pátria estadunidense após quatro anos, num contexto marcado pelo agravamento do declínio histórico do imperialismo no mundo. O regime político interno dos Estados Unidos, apesar do relativo crescimento econômico conjuntural e superficial, vive uma crise persistente, o agravamento da decadência social do país é algo inédito; o irracionalismo, a decadência cultural e a barbárie ideológica tomaram por completo o espírito geral que impera na sociedade estadunidense.

Externamente, o imperialismo sofre uma derrota de grandes proporções geoestratégicas na Ucrânia, vê seu posto avançado no Oriente Médio chamado "Israel", atolado num duro combate com o "Eixo da Resistência" árabe e isolado mundialmente. Por outro lado, a ascensão de China e Rússia como importantes atores geopoliticos internacionais e o crescimento dos BRICS na arena internacional, ameaçam colocar freios ao poder unipolar dos Estados Unidos e sua hegemonia terrorista no mundo; também, o imperialismo já pode ver no horizonte a decadência e contestação do sistema monetário do petrodólares, uma das colunas centrais de sustentação de seu poderio guerreirista sobre os povos.

Em tal conjuntura, a tendência é que o próximo governo Republicano, embora em grande medida assentado numa fração da burguesia estadunidense, mais ligada ao mercado interno, dar continuidade em linhas gerais à política imperialista terrorista agressiva do Democrata Joe Biden. Sobretudo porque trata-se de defender interesses estratégicos fundamentais do Estado imperialista Norte Americano diante de seu franco declínio mundial. Republicanos e Democratas, embora relativas às diferenças por expressarem determinadas frações das classes dominantes ianques, com determinados interesses econômicos, representam naquilo que se torna estratégico e fundamental, alas diferentes do partido único da burguesia imperialista.
Os Democratas, inclusive, tem se mostrado mais alinhados com as frações mais expansionistas de sua burguesia. Basta vermos que foi durante o governo do negro simpático e Democrata Barack Obama, que explodiu um processo avassalador do golpismo imperialista no mundo sob as formas de revolução colorida e guerras híbridas.

Tanto a região do Oriente Médio, como América Latina, Norte da África e Europa do Leste sofreram, ou estão sofrendo processos de reconfiguração em seus respectivos mapas geopolíticos, devido às guerras híbridas ou convencionais, articuladas por Washington e seus pré postos cabeças de ponte nas respectivas regiões.. As chamadas "Primaveras Árabes", o golpismo generalizado que promoveu mudanças de regime em diversos países latino-americanos desde 2009, o golpe nazista na Ucrânia em 2014, o genocídio contra o povo palestino e libanês de agora, etc., tiveram origem e/ou continuidade durante os sanguinários governos Democratas nos Estados Unidos, desde o negro Obama, até o velhinho gagá identitário Biden.

O direitista fascista Trump por exemplo, apesar das bravatas e torpezas, não cometeu nem de longe nada parecido com os crimes da dupla Democrata Obama/Biden (poderíamos acrescentar nesta lista a criminosa e assassina madame Hilary Clinton).

Não queremos dizer com isso, que o fanfarrão Donald Trump seja supostamente mais "moderado" ou "comedido" como gerente do agressivo império estadunidense. Não, de forma alguma. Trump, assim como seus antecessores, não passa de um serviçal dos interesses das classes dominantes imperialistas e portanto, apesar de diferenças pontuais com seus parceiros Democratas, terá de cumprir no essencial, aquilo que for de interesse da hegemonia guerreirista imperial.

A classe operária e os povos oprimidos do mundo, não podem ter o mínimo de ilusões em quem quer que seja o gerente da vez na pátria ianque. A chamada "esquerda" brasileira da atualidade, pequena burguesa e vinculada ideologicamente com os modismos universitários identitários que vêm dos Estados Unidos, há demonstrado histeria e desespero diante da vitória do direitista Trump, como se sua concorrente, Kamala Harrís, não estivesse envolvida diretamente com o genocídio do povo palestino e as provocações contra a Venezuela, Rússia, Irã e China, que podem levar o mundo a uma terceira guerra mundial nuclear. Isso mostra a falência total dessa "esquerda" identitária e do governo petista de Lula, alinhado até a medula com o partido Democrata e o genocida Joe Biden.

Ganhe quem ganhar, o imperialismo estadunidense, base de sustentação do modo de produção capitalista no mundo e bastião Internacional da contra-revolução e do irracionalismo, guia-se por seus interesses de dominação total contra os povos, nem que para isso leve a humanidade toda a sua destruição.

A esquerda no mundo precisa voltar às suas origens históricas. Retornar aos ensinamentos de Marx, Engels, Lenin, Trotsky, Mao TSE Tung, Guevara, etc., é fundamental para superar a atual confusão ideológica pós moderna que ganhou terreno nas últimas décadas de auge da contra-revolução mundial.

Voltar-se à luta antiimperialista irredutível, ao combate internacional contra o capital e pelo comunismo, deve ser nosso norte e de todos os trabalhadores conscientes do mundo, no atual período de decadência geral do regime burguês e que tem se expressado no declínio histórico do imperialismo americano.

(06/11/2024)